Li mais um livro. A Cidade do Sol, do Khaled Hosseini. Como o ganhei? Um amigo que trabalha numa editora me deu. Eu como adoro coisas, pedi para que ele trouxesse um livro de uma exposição que ele foi. Quando ele trouxe, não gostei muito, apesar de ter adorado o primeiro livro do autor, O Caçador de Pipas. Na verdade queria a oportunidade de meu amigo ir à exposição e trazer algo bem GLAM para mim, tipo uma enciclopédia que parasse tudo, uma caríssima de Moda, ou ainda um livro sobre a ditadura, a Tropicália,enfim.
Comecei a ler o livro e me prendeu toda a atenção. Comecei a ler de todo o jeito. No banheiro, esperando um taxi, andando pela casa etc. Percebi inicialmente que o livro tratava de mulheres.As mulheres no Afeganistão.Adorei, pois me interesso por história de mulheres, sou feminista. Do meu jeito, mas sou.
Mais uma vez Khaled arrasou meu coração. Deixou em pedaços. Ele voltou a Cabul e escreveu esse romance. Eu pretendo fazer uma resenha da obra depois. O que quero dizer agora é que a história de Mariam mexeu muito comigo pelo fato de ter havido tantas mudanças em tão pouco tempo, pela sua coragem, sua força física. Seu dom de suportar. Para completar entra Laila, com sua inteligência, suas rápidas decisões, sua força física. E elas se encontram pela força do destino. “Mas as pessoas não controlam seu destino.”
Como o povo dessa região é forte! Eu estive doente e senti tanta dor! Dor suportada pelo povo afegão tão facilmente.Como Mariam foi forte!Este livro tem um lugar especial em meu coração, pois é normal visualizarmos as coisas,imaginarmos os cenários, a aparência dos personagens, com a riqueza de detalhes do autor, mas o que eu vi,ou melhor, ouvi, foi extra-sensorial. Sou capaz de ouvir a voz de Mariam jo falar “irmão”. E isto não me assusta, pelo contrário. Fico sentindo essa vibração da voz de Mariam .Sinto-a, sinto a dor , a coragem, a , a doçura, a paz,o cumprimento de seu destino. Sinto a luta das mulheres. A ligação que eu tenho com as mulheres é explicável. Todo preconceito e discriminação vêm da dominação dos homens, do machismo. As mulheres são muito discriminadas ainda, vistas como meros objetos sexuais e vitimas de violências verbais, físicas, psicológicas e sexuais. Isso me aborrece muito.
Sim... Já ia perdendo o meu foco. Além da voz da Mariam, eu extraí também as coisas do destino. Não temos a bendita coragem de mudar, ficamos fazendo as mesmas coisas, no mesmo emprego, na mesma casa, na mesma faculdade, no mesmo país. E as mulheres? Com os mesmos maridos que as destratam e não as valorizam. Fiquei impressionado com o destino de Mariam e de Laila. Deu-me forças pra aceitar o convite de ir pra Londres, de fazer outra faculdade, de ir morar em meu apartamento que está fechado,de ir embora pra São Paulo, de casar por interesse, enfim. De mudar geral. Escrever minha história, de ter minha foto num jornal, como Laila jo. Mudar!
